segunda-feira, 24 de março de 2008

Uma mídia de 0,75 Centavos

Uma compra que rendeu frutos:

- Tem oitenta, pode ficar com os cinco!

- Não toma aqui!, Uma bala, um chiclete!

- Obrigado!

Será que ele não entendeu que os 0,05 não era tão importante para mim? Não importa, o aproveitável é que ele me presenteou com algo que não tinha como eu resistir. Eram poucos lugares que orefeciam uma promessa doce, e isso eu sabia que iria me influenciar a usar bem o CD que comprei.
E lá vou eu novamente estragar meus dentes...
Mas o que importa? Tudo um dia vai ter de se estragar mesmo, - Não é assim hein? Quanto mais preservar, mais vai durar, e é assim em tudo na vida.
Nem esperava ser contribuído daquela forma, não procuraria voluntariamente também, mas chegou num momento propício. Acredito que as circunstâncias sempre sabem dos nossos apelos, o sabor me fez esquecer das dores das preocupações de uma manhã inteira, me fez sentir o cheirinho de infância ida , pura infância que se perdeu no tempo. Depois dessa triste manhã ao menos eu tinha algo para aliviar a pureza de palavras na minha boca, o vazio de soluções em meus pensametos. Doce de tão doce parecia rosa da cor do chiclete, esse gosto, esse infinito de reação, esse breu de preenchimento. Só não presta pra uma tarde inteira.
Propus-me a me despedir-se do devaneio ao chegar. antes de chegar fiquei a pensar..

pensar

e pensar..

pensei em escrever o que estava pensando, na metade do caminho, outro pensamento interrompeu o anterior: - Era o doce que já não era mais doce.
Continuei e o antigo logo retornou; será que devo escrever lá quando chegar que estou pensando aqui que estou pensando em escrever até isso que estou pensando? Até de pensar confunde quanto mais escrever esta confusão, Pensei confuso também.
Mas a verdade é que nunca mais escrevi, nunca mais expressei meus pensamentos, meus temores, meus fantasmas as minhas amigas folhas soltas de caderno, acho que isso todo mundo tem a necessidade de fazer, e hoje eu tenho.
O chiclete que tive de troco agora é quem me cobra uma reação, ele até conseguiu afastar por hoje o Leo e a Biby do meu itinerário? Muito particular pro meu gosto, merece um envolvimento maior.
Antes de chegar à passarela do rio, já não sentia nenhum doce sequer, comecei a pensar como me desfazer dele, não havia nada de poético que poderia fazer com o próprio, nada de artístico, não tinha tempo, tinha pressa a pressa que é contra a arte, é contra a poesia. Por conta dessa pressa precisava me livrar dele da forma mais natural, mas não tão natural a ir de contra meus valores e meus hábitos naturalísticos. Não havia nenhum balde de lixo, um saco, um tantinho amontoado sequer, cheguei a passarela e com ela o rio, então tudo estava perdido, nada pode ir para o rio, isso faz mal a ele.
Mas então veio o paradoxo; se não faz mal a mim, por que faz a ele? - Mas rio não é gente Duílio, portanto não chupa chiclete..hahahahahaahhahaa veio a risada por um momento e o insulto; - Lá vem esse outro Duílio metido a besta, novamente esse for cortado por outro lapso de pensamento; do quê é feito o chiclete pra não ser bom ir para um rio? Se ele vem do látex das árvores ou do petróleo, não seria tão ruim devolvê-lo ao ambiente, ah!, mas tem a química, a química da natureza que agride a própria natureza.
Não importa, a verdade é que é super desconfortável pisar num chicle derretido pelo sol, só isso vale pra não tira-lo agora da boca. Passei e não joguei em lugar algum.
Depois do rio não pensei em muitas coisas, só fiquei com a lembrança de dois gauchões cinquentões conversando no meio do caminho, tinha quase certeza de que se tratava de dois caminhoneiros que entregam solas para fábrica de calçados, calçados que pisam nos chicletes, pensei, Aí depois veio a pergunta; E se eu oferecesse chicletes a eles será que conseguiriam imaginar que esses chicletes são os maiores inimigos dos sapatos? É difícil desgrudá-los, parece até uma história de casamento, mas aquela pergunta foi apenas uma daquelas perguntas que não saem do seu ponto inicial passei e continuei em minha rota.
Após os caminhoneiros desapareceram do meu campo de visão, eu já estava prestes a chegar ao meu local de destino, e não conseguia responder se o dono do lixo que eu escolhria pra jogar o chiclete fora, iria deixá-lo num local adequado, não sendo assim seria até melhor se eu tivesse jogado no chão e fosse parar na sola de um sapato do que no bico de um pato (Risos)...rima rima rima rima...mas ela rimou e não solucionou...
Enfim, o tempo se acabou, e com ele também a chance do chiclete continuar desempenhando o seu trabalho vital, ou seria operacional? Melhor então seria o importante papel de me deixar a ser criança novamente. Adultos não chupam chicletes, não se se consideram suficientemente adultos.
Saudades.....
Enfim, na trajetória conclusiva, meu companheiro de viagem concluiu sua missão na terra.
Pluft!! Caiu numa caixa de lixo.


Duílio.